Quando e como eu descobri que era portador da Síndrome de Parkinson




sábado, 22 de maio de 2010

Jogando Tênis

Descobri que não posso ficar muito tempo sem me movimentar. Por esse motivo, escrevi um capítulo anterior chamado “Exercitar é preciso”.
Sinto muito desconforto quando gasto muito tempo à frente de um computador ou mesmo vendo TV, por mais seletivo que seja.
Tenho minhas ocupações diárias, pois como eu disse no Perfil do blog, sou também empresário no ramo de construção civil. Esta atividade me faz permanecer à frente de um computador várias horas diárias.
Estudo Inglês diariamente. Tenho professor particular para conversação e estudo regularmente na Cultura Inglesa, o que me faz despender mais horas em frente à tela.
Como Internacionalista, procuro ler livros concernentes à área que consome outras horas diárias.
Este preâmbulo é somente para corroborar a necessidade de me exercitar ainda mais, pois o Mal de Parkinson é cruel. Ele quer avançar e se você não ficar esperto, sorrateiramente ele ocupa espaços.
Descobri que meu maior dilema são os movimentos lentos. Nos movimentos rápidos eu me sinto mais equilibrado em todos os sentidos. Então, resolvi retomar uma atividade atlética, da qual não pensava mais poder exercitá-la. Jogar Tênis.
Matriculei-me numa escola de tênis e comecei, nas terças e quintas-feiras, a treinar. Surpreendentemente, me sobressai muito bem, confirmando que, nos impulsos rápidos, o Parkinson não interfere.
Procuro escrever o que sinto no dia a dia, avaliando onde e quando a doença de Parkinson ataca mais e tento reverter o desconforto.
Um dos locais que tem me causado desconforto é a cama. Percebo que mexo bastante, ou seja, eu não acho uma posição que me proporcione conforto mesmo usando dos artifícios de travesseiros ou almofadas entre as pernas e os tais travesseiros “linguiça” para alinhar a coluna através do pescoço. Acabo dormindo mal.
Jogar tênis é um resgate do passado, pois me considerava uma atleta amador. Jogava tênis, Boliche, corridas curtas e longas. Treinava correndo aproximadamente 100 km por semana. Era um hobby, uma forma de amenizar o alto grau de stress do momento, mas ao mesmo tempo uma atividade esportiva.
Por enquanto não percebi nenhum efeito colateral, que possa me impedir sua continuidade, porém, é mais uma forma de CONTROLAR a doença.
Percebo que meu intento está sendo alcançado, pois nestes últimos sete anos que convivo com o Parkinson, jamais deixei de participar de qualquer evento no qual eu sinta prazer.
Hoje sou totalmente seletivo. Procuro fazer somente o que gosto, o que me realiza, o que me dá prazer, obviamente sem ser totalmente egoísta, concatenando os meus prazeres com as pessoas que me cercam. Estas minhas verdadeiras pérolas. Apesar de possuir uma rede de relacionamento extensa, procuro pinçar dela, apenas àquilo que me faz feliz.
Para encerrar gostaria de deixar um link da música de Oswaldo Montenegro – A Lista – na qual retrata muito bem o que é ser e ter amigos. Como fazer para amá-los e quantos nos últimos 10 anos amaram você. Façam o teste.

Um comentário:

  1. Oi meu amigo. Tenho acompanhado seus depoimentos e quero parabenizá-lo pela forma como está encarando essa fase da sua vida. Continue assim. Eu também acredito que podemos mudar nossas atitudes, mudando os nossos pensamentos diante dos fatos que nos acontecem. Permita-me compartilhar com todos um texto de Martha Medeiros. Beijos. Vanda

    ENTRE AMIGOS
    Para que serve um amigo? Para rachar a gasolina, emprestar a prancha, recomendar um disco, dar carona pra festa, passar cola, caminhar no shopping, segurar a barra. Todas as alternativas estão corretas, porém isso não basta para guardar um amigo do lado esquerdo do peito.

    Milan Kundera, escritor tcheco, escreveu em seu último livro, "A Identidade", que a amizade é indispensável para o bom funcionamento da memória e para a integridade do próprio eu. Chama os amigos de testemunhas do passado e diz que eles são nosso espelho, que através deles podemos nos olhar. Vai além: diz que toda amizade é uma aliança contra a adversidade, aliança sem a qual o ser humano ficaria desarmado contra seus inimigos.
    Verdade verdadeira. Amigos recentes custam a perceber essa aliança, não valorizam ainda o que está sendo construído. São amizades não testadas pelo tempo, não se sabe se enfrentarão com solidez as tempestades ou se serão varridos numa chuva de verão. Veremos.
    Um amigo não racha apenas a gasolina: racha lembranças, crises de choro, experiências. Racha a culpa, racha segredos. Um amigo não empresta apenas a prancha. Empresta o verbo, empresta o ombro, empresta o tempo, empresta o calor e a jaqueta. Um amigo não recomenda apenas um disco. Recomenda cautela, recomenda um emprego, recomenda um país.
    Um amigo não dá carona apenas pra festa. Te leva pro mundo dele, e topa conhecer o teu. Um amigo não passa apenas cola. Passa contigo um aperto, passa junto o reveillon. Um amigo não caminha apenas no shopping. Anda em silêncio na dor, entra contigo em campo, sai do fracasso ao teu lado. Um amigo não segura a barra, apenas. Segura a mão, a ausência, segura uma confissão, segura o tranco, o palavrão, segura o elevador. Duas dúzias de amigos assim ninguém tem. Se tiver um, amém.

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