Quando e como eu descobri que era portador da Síndrome de Parkinson




terça-feira, 2 de agosto de 2011

Uma Pequena Viagem

Quero relatar uma pequena viagem à Sete Lagoas, Minas Gerais, lugar onde nasci.  Para quem não  a conhece, Sete Lagoas, situa-se no centro-oeste das Minas Gerais e vem aparecendo na mídia,  pois, atualmente, quase todos os jogos de futebol envolvendo os grandes clubes da região são sediados na Arena do Jacaré.
Como o Mineirão está em reforma para a realização dos jogos da Copa do Mundo de futebol a ser realizada em 2014, Sete Lagoas tem servido de palco para grandes eventos nacionais e internacionais, como a Copa Libertadores, por exemplo.
Na sexta-feira, 22 de julho, rumei para a minha cidade, carregando uma carga preciosa em meu carro. Quase toda a minha prole da primeira e da segunda geração estavam comigo, o responsável na direção do veículo, para percorrer 900 km.
Partimos de Goiânia, Goiás, na manhã de 22 de julho, pois, no dia seguinte, uma sobrinha iria debutar e meu irmão fazia questão da minha presença.
Eu, minha duas filhas e meus dois netos rompemos estes 900km de maneira responsável.
Permaneci lá, até a terça-feira 25, quando então retornei com uma das filhas, minha caçula de apenas 11 anos.
Entre ida e volta e alguns quilômetros transitando nas imediações da cidade contabilizamos 2.000 km.
O quero relatar então?
Como o título do meu blog é “Parkinson é controlável”, ratifico que nada é impossível quando se quer atingir um propósito. E qual é este Propósito?
Permanecer controlado, não deixando me abater por esta doença.
No meu dia a dia, muitas pessoas sabedores que sou portador do Mal de Parkinson, no intuito de me agradar, oferecem ajuda, como suas mãos para eu me levantar das posições, muitas vezes incômodas.
Eu procuro, de forma delicada, recusá-las por que estas benesses podem me prejudicar.
O simples fato de exercitar a mente e o corpo para sair de situações embaraçosas força seu conjunto contra a doença.
Não confundir a negação da ajuda com a negação da doença. Ela existe, mas você simplesmente dribla-a,  tentando fazer sozinho tudo que for possível. Mas, se não for possível realizar uma simples ação, como levantar de lugares baixos, para quem tem acentuado grau de brascinesia, não se acanhe em pedir ajuda.
Voltando ao objetivo inicial. Esta viagem renovou meus ânimos, elevou minha autoestima, porque depender do próximo não é fácil.
Por mais que seus familiares digam para você: "Eu estou aqui para ajudá-lo no que precisar!", nós sabemos que não é bem assim. Você sente "no ar" que eles fazem um tremendo esforço quando é necessário nos ajudar.
Então prepare-se, evitando pedir ajuda para tarefas corriqueiras. Deixem para pedir ajuda quando a tarefa é, também, muito difícil até para um não-Parkinsoniano.
Acreditem!!! Fui para a pista de dança na festa de minha sobrinha e dancei horas a fio. Os conhecidos, sabendo que sou um PNE,  Portador de Necessidades Especiais, ficavam perplexos com a minha desenvoltura.
Mostre que você está vivo e ativo para a vida, nos pequenos detalhes. Certamente você irá se realizar.
Assim, posso concluir que estou no caminho certo, no propósito de prolongar, ao máximo, o avanço deste mal que dizem ser degenerativo, progressivo e incurável.
Faço aqui uso das palavras do ator Paulo José, que disse para seu médico, quando foi diagnosticada sua doença:
"Doutor eu não estou escutando nada de novo, pois o senhor também está cometido com um mal infalível para nós mortais.”
Desde que nascemos nós nos degeneramos progressivamente e não há cura para este mal.